terça-feira, 19 de agosto de 2014

Desenrolo na alma a vida
Sem esperança que ela me poupe

O destino vai-me caindo por entre os braços
Sem que eu possa dar-lhe grande coisa
Aqui onde estou, a única coisa 

real
Parece ser a inevitabilidade de  

acordar
                                                        ACORDEM PORRA!!!!!
                                                        

                                                        

domingo, 15 de junho de 2014

Coleccionar pessoas


A mais singular das colecções é também a mais económica.
Sempre que alguém me chama a atenção, abro uma ficha biográfica e integro-a no meu catálogo. Inventariei centenas de espécimes como qualquer coleccionador, principiei por recolher os tipos mais comuns: o burlão, a esposa entediada ou o intelectual narcisista. Mas como sucede com todos os que têm uma colecção, o meu gosto foi-se tornando mais selecto. Obtidos os cromos essenciais, comecei a sonhar com raridades. Apaixonei-me pela originalidade.
Passei horas a travar conhecimento com pessoas,a provoca-las, num esforço permanente, por vezes mal interpretado, outras vezes desperdiçado. E assim conquistei peças exóticas, mesmo únicas. Como um militar com ideais comunistas e uma louca perversa com ideais de vitima á espera de ser canonizada.
Gosto de ficar a observá-los, como soldadinhos de chumbo com vida de diferentes exércitos e de interagir com eles. Um prazer solitário, diga-se, mas esse é um traço comum a muitos coleccionadores.De tanto procurar a originalidade ficou a faltar-me aquele artigo banal. A criatura que nos recorda alguém sem grande exactidão, aquela pessoa que achamos sempre que conhecemos mas de cujo nome nunca nos lembramos, vou procura-la nas filas do supermercado, na loja de roupa, na sala de espera do dentista...... existe por ai mas não me lembro onde. 

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Lá em cima, o céu do dia é azul, azul que dói. O sol esta brilhante, o vento é calmo e o silêncio é doce e bom. Não temos nada, senão a mais sincera incapacidade para sermos sós, gente rarefeita, imperfeita, escassa e com tão pouco para dar.
 Somos um veículo de um só lugar, descendo uma estrada esburacada com um equilíbrio tão delicado que é preciso manter as duas mãos ao volante. Posso soltar uma para te agarrar mas logo tenho que voltar a segurar-me com as duas. Não é por nada. É só para não me esborrachar no chão. E acredita que se eu não largar a tua mão vais cair também. 

sábado, 29 de março de 2014

10 Mandamentos




No momento em que escolhemos um tema e classificamos em uma lista itens a partir das nossas opiniões, nós criamos limites de conteúdo, uma lista passa então a ser uma visão do mundo.
As únicas listas que faço são de compras, uma visão do mundo através do supermercado, qual o produto mais barato, o que devo comprar para o almoço, para o jantar, para o lanche e para o pequeno-almoço e não esquecer a merenda para o emprego.
Que visão extraordinária se pode ter do mundo através de um supermercado?
Bom não é uma visão extraordinária, mas é necessária, o que faria eu sem uma lista de compras, acho que nem saberia movimentar-me nos corredores, é que um supermercado pode ser um espaço aterrador, uma pessoa fica ali perdida, sem saber o que quer ou onde se encontram os produtos que pretende. Já me aconteceu esquecer-me da lista e a sensação não é agradável, fico meio perdida, observo as outras pessoas com as suas listas, concentradas nas suas compras e eu perdida no meio dos corredores a olhar para elas.
Algumas têm listas enormes que seguem á risca, é vê-las a rodar com destreza entre os corredores concentradíssimas na sua lista, e eu sem lista, e agora o que vou eu comprar?   
Vinho e chocolate é sempre uma optima lista de compras, raio da lista……..

Ps:  Só por curiosidade os 10 mandamentos são considerados a lista mais antiga.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014


O sexo dos Anjos
"De todas as perversões sexuais a castidade é a mais perigosa"[Bernard Shaw]
Na sociedade judaica/cristã sexo foi tabu por séculos.
Relações sexuais sempre aconteceram porque fazem parte da nossa biologia, mas anteriormente era mais difícil obter o fruto desejado, na maior parte das vezes só depois do casamento, a espera pelo prazer evitava a depressão porque criava a ilusão que a felicidade aconteceria assim que a relação sexual fosse consumada.
Actualmente o sexo acontece mais rápido, não precisa de casamento e por vezes nem de namoro, muitos têm a opinião que a vida mudou e hoje falta-nos tempo então para quê esperar. A minha opinião é que a vida mudou sim, mas trouxe-nos muito tempo livre e como não fazer nada incomoda muito, as pessoas tentam preencher o tempo a todo o custo e nem sempre o preenchem da melhor maneira, por vezes preenchem por preencher sem muito critério.
Fazem cursos que não precisam, vão a festas que prefeririam não ir, seguem uma moda só para ter algo novo para comprar, frequentam uma seita só para fazerem parte de um grupo, vão atrás de um ideologia que possa "salvar o mundo"...
Fazem qualquer coisa para "passar o tempo" ou será para preencher o vazio no peito?
Senhoras e senhores temos um vazio existencial e nada pode preenche-lo.

É logico aprendermos a conviver com ele.
Não sei de onde vim, não sei para onde vou...SÓ SEI QUE ESTOU AQUI.
Quando não tenho nada para fazer simplesmente não faço nada.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014


Mas por que é que fechamos os olhos para beijar na boca ? E porque um gesto tão comum e tão natural como fechar os olhos me intriga ?

Agora tive uma ideia absurda : fechamos os olhos para não vermos quem estamos a beijar. E por que não iríamos querer ver quem estamos a beijar? Tenho uma teoria. É para não nos envolvermos com a pessoa, para beijar só por beijar. Isso até teria fundamento em se tratando de beijos dados a alguém sem importância, coisa que acontece muito, mas e os beijos dos apaixonados? O beijo do casamento? O beijo do final do filme? Não. Nem todas as pessoas beijam por beijar, mas ainda assim fecham os olhos. No entanto dizem que "o que os olhos não veem, o coração não sente"? Então, como é que as pessoas ficam nas nuvens quando beijam os amores das suas vidas sem vê-los? Se não veem os seus corações não deveriam sentir. No meu primeiro beijo abri os olhos por um instante, só para ver se era mesmo verdade, mas eu deveria ter sentido a verdade sem precisar vê-la.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014


Sou a caricatura de mim mesmo, a personagem que ininterruptamente se monta e se desmonta para se remontar e montar, a farsa verídica que actua todos os dias, exactamente moldada no padrão que a minha realidade pede. E como alguém escreveu "hoje não há mendigo que eu não inveje só para não ser eu".