terça-feira, 31 de dezembro de 2013


"O tédio... "

"Sofrer sem sofrimento, querer sem vontade, pensar sem raciocínio... É como a possessão por um demónio negativo, um embruxamento por coisa nenhuma. O tédio surge-me, na sensação transposta desta imagem, como o reflexo maligno de bruxedos de um demónio das fadas, exercidas, não sobre uma imagem minha, senão sobre a sua sombra. E na sombra íntima de mim, no exterior do interior da minha alma, que se colam papéis ou se espetam alfinetes.É uma sensação de vácuo, uma fome sem vontade de comer, tão nobre como estas sensações do simples cérebro, do simples estômago, vindas de fumar demais ou de não digerir bem." B.S.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Happy New Year



terça-feira, 24 de dezembro de 2013



Caricaturas

O pecado capital do Manipulador é a ‘luxúria’,

a base motivadora da expressão do manipulador é a ânsia de controlar os outros, seja no modo de expressar o seu próprio temperamento ou na maneira pela qual se excede nos seus desejos e vontades(que podem ir do ódio extremo a amores carnais compulsivos).Satisfação para ele é fazer os outros comerem na sua mão, obedecerem às suas ordens, seguirem aquilo que ele achar certo e realizar os seus desejos.
Mas mesmo fazendo o que lhe dá na telha, parece que não se livra da insatisfação, desse ódio queimando as artérias que levam                                                                                                       nitroglicerina ao cérebro.

O pecado capital do Pacifista é a " ira ",

o pacifista tem como base o faça o que eu digo não faça o que eu faço, rege-se por detalhes sociais capazes de intimidar qualquer comum mortal :
1 - Política sem princípios
2 - Riqueza sem trabalho
3 - Comércio sem moralidade
4 - Ciência sem humanidade
5 - Colaboração sem sacrifício
6 - Prazer sem consciência
7 - Conhecimento sem carácter
Porque, na realidade, o pacifista pretende desviar as consciências, amolecer as vontades e desarmar as resistências mais justas e imperiosas. E, sobretudo ele procura esconder-se sob a pele do cordeiro, fazendo-se de muito pacifico .

O pecado capital do Sonhador é a " inveja ",

apesar de sozinho com sua imaginação, o sonhador atraí e repele ao mesmo tempo. Isto é, ao mesmo tempo que chama a atenção dos incautos atrás de uma bela diversão o sonhador tornava-se inalcançável para eles e por mais que insistam fica apenas o gostinho frustrado de ver os sonhos desaparecem das suas mãos como se fossem matéria etérea.O sonhador somente se dá conta da materialização dos seus ardentes anseios quando vê alguém  a seus pés, feito de pó mágico de perlimpimpim, ganha forma e "vida" entrelaçado nas raias da sua própria imaginação pródiga.

sábado, 14 de dezembro de 2013




IDADE TÓXICA
Como me sinto feliz por não ter de ser feliz !

Ao chegar aqui e sobretudo depois de ter aqui passado alguns dias, não senti, desta vez, essas vagas de tristeza ou de entusiasmo que este local me costumava comunicar e cuja recordação depois me era tão doce.
Deixá-lo-ei, se calhar, sem a pena que outrora sentia. O meu espírito por seu turno, tem hoje uma segurança muito maior uma maior capacidade de fazer associações e de se exprimir, a alma perdeu parte do seu entusiasmo e irritabilidade mas aprendeu que viver significa aprender a deixar.
E porque é que, ao fim e ao cabo, não partilhará o homem o destino comum de todos os outros seres?
Ao pegarmos num fruto delicioso, será justo pretender respirar ao mesmo tempo o perfume da flor?

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013



FINGIMENTO
 
É difícil libertar-se de sentimentos e conceitos postiços.



Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta,

Em que as coisas têm toda a realidade que podem ter,

Pergunto a mim próprio devagar

Porque sequer atribuo eu

Beleza às coisas.

Sim, mesmo a mim, que vivo só de viver,

                                                               Invisíveis, vêm ter comigo as mentiras dos homens

                                                             Perante as coisas que simplesmente existem.

                                                             Que difícil ser próprio e não ver senão o visível!

                                                                                     "Alberto C "

sábado, 7 de dezembro de 2013

Metamorfose
Quando era criança tive uma visão
Espreitei pelo canto do olho a chegada das borboletas Metamorfose perfeita entre o imaturo e o ideal
A criança cresceu e a metamorfose ardilosamente imperfeita
Tornou-se confortavelmente adormecida
Pode sentir-se um pouco agitada, pode tornar-se confortavelmente ajustada
Os lábios mexem-se mas não consigo ouvir o que pronunciam
Essa criança facilmente entretida com o sol que mais
                                                                     poderia ser
Uma tristeza inventada, uma memoria apagada, uma mera formalidade
Os seus olhos são dois buracos negros, encerram os segredos da metamorfose inacabada
Do desconhecido, da lenda, do mártir, do brilho de um diamante exposto á luz
Rasga a mente para uma nova concepção e nada mais interessa.................

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

O impossível seduz
É impossível repetir o que só acontece uma vez
É impossível reprimir o que queremos sempre
E quando alguém acorda porque já não aguenta mais
É porque a corda afinal rebentou do lado mais forte
Desejo o impossível tenho medo do provável e diverte-me o ridículo.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

O abraço do paraíso
O que foram aqueles sonhos há tantos anos atrás,
os planos deixados atrás de nós na estrada.
Sou apenas um ser humano e vou levar a culpa de ser enterrado debaixo das pedras, olhando para fora de dentro de um poço,
 é o inferno, eu grito mas já ninguém escuta.
Uma carta aberta na varanda, continuo a ler para me livrar disto tudo, eles chamam, e eu digo que não estou em nenhum saco ou caixão.
 Mas continuam ao redor da varanda, sussurram no meu ouvido o futuro desconhecido , o fim.
As pessoas mudam, mas prometi envelhecer, só queria envelhecer.

sábado, 30 de novembro de 2013

SINDROME DCD
Flaubert estava familiarizado com a ideia de que existem dois caminhos no pensamento humano: o das sensações ordinárias, realidade sensorial, e o de uma realidade produzida como se fosse uma paralela da outra. O que provoca na modernidade esta realidade paralela é o tédio e a estupidez. Existem dois tipos de tédio: o comum, do qual todos sofremos em algum momento, e o tédio moderno, típico de uma geração, que caracteriza um mundo de progresso que oferece distrações fictícias e uma vida baseada no senso comum, desprovida de surpresas. Quanto á estupidez não se dá conta do absurdo de seus desejos, não consegue olhar a realidade de frente, não faz nada de efectivo para melhorar a própria sorte ou tentar compreender o seu comportamento – e não tem o menor interesse pelas preocupações alheias. Esta forma de Flaubert caracterizar a sua personagem mais famosa " Madame Bovary " deu origem ao Bovarismo - patologia psicológica que se caracteriza pelo estado de insatisfação crônica de um ser humano provocando uma incapacidade de adaptação á realidade. Há a possibilidade de que a mente humana seja tão inerentemente imperfeita que mesmo os pensamentos mais simples não correspondam a nada de real?
Embriaguez psicológica
Seu mal era uma doença chamada consciência, enfermidade própria de quem tem pouco sentido prático e prefere viver nas nuvens, como um sonhador. E um sonhador é sempre um tipo difícil de pessoa porque é enormemente imprevisível: umas vezes muito alegre, outras vezes muito triste, às vezes violento, noutras terno e compreensivo, num momento um egoísta e noutro capaz dos mais honrados sentimentos (…). Não é uma vida assim uma tragédia? Não é isto um pecado, um horror? Não é uma caricatura?......... "Texto adaptado"

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Estou cansado de confiar em mim próprio, de me lamentar a mim mesmo, de me apiedar com lágrimas, sobre o meu próprio eu. Acabo de ter uma espécie de cena com a tia Rita acerca de F. Coelho. No fim dela senti de novo um desses sintomas que cada vez se tornam mais claros e sempre mais horríveis em mim: uma vertigem moral. Na vertigem física há um rodopiar do mundo externo em relação a nós: na vertigem moral, um rodopiar do mundo interior. Parece-me perder por momentos, o sentido da verdadeira relação das coisas, perder a compreensão, cair num abismo de suspensão mental. É uma pavorosa sensação esta de uma pessoa se sentir abalada por um medo desordenado. Estes sentimentos vão-se tornando comuns, parecem abrir-me o caminho para uma nova vida mental, que acabará na loucura. Confiar em mim próprio? Que confiança poderei eu ter nestas linhas? Nenhuma. Quando volto a lê-las, o meu espírito sofre percebendo quão pretensiosas, quão a armar a um diário literário elas se apresentam! Nalgumas até mesmo cheguei a fazer estilo. In "Desassossego"

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Bichinhos
Cada um tem o seu bichinho de estimação. São pequeninos, inofensivos, ninguém dá por eles. Levamo-los debaixo da manga, no chapéu ou em algum saco velho, aparentemente esquecido na bagagem do carro. Ás vezes a vida corre-nos tão bem que quase nos esquecemos deles, esta nossa companhia das horas mortas. De súbito ouvimo-los pedir alimento, um som pouco familiar, meio assustador, um grunhido abafado, esfomeado, descontrolado. Vamos ver o que se passa - é um hábito do passado, um circulo incompleto, uma inofensiva presença. Pobre ser, tão cheio de esperanças e nós práqui com tão falta dela. Pedimos-lhe silêncio, só um tempo para pensar, tentamos ser frios, sensatos, mas de dentro vem uma força de abraçar este lado negro, que só pode ser saudade. Reentramos no Outono do nosso Ser, convidando a vida a dar mais uma volta à origem. Os argumentos contra são muitos, mas o coração é insensato e aqui e ali, vai encontrando bons motivos para futuro debate. Afinal de contas não somos nem sombra nem luz, mas algo de permeio. Mas como saber ser uma não-substancia se rejeitamos ser o que não somos. Se a razão sempre ditar o nosso percurso não ficaremos para sempre divididos? Não será o desejo de unidade um sentimento de pura revolta? Afinal de contas uma espiral sempre se parece com um circulo e ao fim de umas três voltas também ela se torna chata e previsível. Não será o medo do bichinho o mesmo medo de nos criar-mos? "O Corvo Azul"
Os cinco horizontes estão aqui para nos entreter. Rastejamos ao sabor da invasão que os perpetua pelos poros da imaginação , desafiamos a gravidade da terra e do mar e respiramos o ar que já foi nosso, convencemo-nos da estabilidade ornamental da lua e do sol, repetimos as palavras que satisfazem o esquecimento ao redor da bússola do tempo.